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Wafrica: a união das culturas japonesa e africana

Wafrica: a união das culturas japonesa e africana

Wafrica

O que acontece quando você mistura elementos de duas culturas milenares do jeito certo? O resultado é o Wafrica. Criado pelo camaronês Serge Mouangue e produzido em Kyoto em parceria com a Kururi, loja especializada em kimonos, o Wafrica une elementos das duas culturas de forma única, usando os tecidos e grafismos africanos com a modelagem dos tradicionais kimonos japoneses.

Serge Mouangue
Serge Mouangue, criador do Wafrica.

Nascido na cidade de Yaounde, Camarões e criado na França, Serge Mouangue estudou Arte e Design em Paris e se mudou para o Japão nos anos 2000 com sua esposa.

No país, ele percebeu similaridades entre a cultura dos países do oeste africano e a japonesa. Aliando o seu interesse por essas duas culturas, ele desenvolveu o conceito do Wafrica, que une a atenção aos detalhes e o refinamento japonês com a densidade e a vibração dos países africanos.

“Ambas as sociedades são muito tribais e têm respeito pela hierarquia e uma apreciação pelo poder do silêncio.”

Misturar essas duas culturas não foi fácil, o modelo dos kimonos segue a modelagem tradicional japonesa, mas não usa os mesmos tecidos como a seda. Os kimonos Wafrica são feitos de algodão vindo do Senegal e da Nigéria. Além disso modelagem das vestimentas africanas são feitas para valorizar e realçar as curvas das mulheres, enquanto as formas japonesas são mais quadrados e rígidas.

O primeiro lançamento dos kimonos Wafrica foi em 2008 e a novidade foi muito bem recebida no mercado japonês. O uso do kimono foi perdendo espaço após a Segunda Guerra Mundial para vestimentas mais ocidentais. Aos poucos o mercado de kimonos tradicionais foi diminuindo e gradualmente foi sendo deixado de lado pelas novas gerações. Qualquer inovação nesse meio é bem-vinda e eles já haviam experimentado lançar uma linha de kimonos feitos de jeans antes do surgimento do Wafrica.

“Eu não quero que o resultado final pertença à África, nem deve pertencer ao Japão. Não é uma ‘fusão’. (…) Eu quero que seja outra coisa. Ele deve transcender os limites das duas culturas. É uma terceira estética.”

Além da moda Serge também expandiu o conceito de Wafrica nas artes visuais, com performances e objetos artísticos que também usam elementos das duas culturas. Em 2009 ele fez uma performance em Tóquio onde ele reproduzia a tradicional cerimônia do chá com japoneses usado os seus kimonos africanos e tocando uma kora, uma harpa senegalesa, enquanto um “espírito” usava uma máscara nigeriana.

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Em 2011 Serge participou de uma palestra no TEDx Talks que ampliou ainda mais o alcance do seu trabalho. Os seus kimonos já desfilaram pelas passarelas de Nova Iorque, Dakar, Kyoto, Paris, Nairobi e Tokyo. E apesar do sucesso de seu trabalho, Mouangue não ambiciona criar um império, nem fazer uma declaração de moda, ele apenas almeja criar um diálogo entre identidades culturais, já que ele mesmo é fruto dessa mistura de culturas.

“Em resposta ao argumento de que a globalização talvez nos roube a nossa identidade cultural, um diálogo entre duas culturas ancestrais, com identidades fortes e sofisticadas: Japão e África. O diálogo é sobre a beleza de tecer os fios de nossas histórias juntos.
Wafrica é sobre esperança e aproveitar as possibilidades quando presentes únicos trazidos por cada um de nós são justapostos para formar um consciência internacional nova e esclarecida.”

Saiba mais sobre a história do Wafrica:

Veja a palestra de Serge Mounague no TEDx Talk:

Veja os Kimonos Wafrica:

Imagem dos kimonos Wafrica Imagem dos kimonos Wafrica com modelos segurando estátuas

Referências:

https://www.japantimes.co.jp/life/2008/11/04/lifestyle/a-beautiful-cultural-blend-african-kimono/

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