A Vida Imortal de Henrietta Lacks (The Immortal Life of Henrietta Lacks no original) é um filme da HBO, produzido por Oprah Winfrey, baseado no livro de mesmo nome da jornalista Rebecca Skloot. O filme conta a história de Henrietta Lacks, uma mulher negra americana que em 1951, aos 30 anos, descobriu um câncer no colo do útero e faleceu em decorrência do mesmo. Seria mais uma história de doença fatal se não fossem por suas células que se tornaram imortais.
Durante o seu tratamento no Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, as células de seu tumor foram extraídas e entregues ao doutor George Gey, que descobriu que as suas células não paravam de se multiplicar, essa descoberta foi pioneira na época, até então ninguém tinha conseguido cultivar células humanas em placas petri. Essa descoberta deu origem a indústria biomédica e ao avanço em pesquisas de doenças como poliomielite, câncer e AIDS, além das células terem sido enviadas ao espaço para ajudar na pesquisa sobre o impacto da gravidade zero em células humanas, entre outros avanços na ciência e indústria farmacêutica.
A identidade da doadora das células foi mantida em segredo pela equipe, que usou as duas primeiras letras de seu nome e sobrenome para nomear as células, a família de Henrietta nunca foi notificada sobre o uso de células de sua mãe e nunca recebeu reparação da indústria pelo uso do material genético de Henrietta, que se manteve escondida da história científica por muito tempo.
A Vida Imortal de Henrietta Lacks joga luz sobre essa história, e expõe a vida de Henrietta Lacks (Renée Elise Goldsberry) e de sua família. O filme mostra a busca de sua filha Deborah Lacks (Oprah Winfrey), que não conheceu a mãe, por mais informações sobre quem era ela e da jornalista Rebecca Skloot (Rose Byrne), que está tentando escrever um livro sobre as células HELA e acaba se aproximando da família de Henrietta, o que a faz querer saber mais sobre a vida da matriarca da família, que contribuiu tanto para a ciência, mas foi apagada dos livros de história.
Veja também:
Viola Davis e Denzel Washington em “Um Limite Entre Nós”
Na busca por quem foi Henrietta Lacks nos deparamos com questões como o racismo da época, que impediu que a família de Henrietta tivesse acesso ao material genético de sua mãe e que tratava a população negra como cobaia em estudos científicos. Os outros membros da família de Henrietta também tiveram amostras de seu sangue retirados e foram estudados sem ter consciência do que era feito com o material genetico deles. Também temos as questões jurídicas e as consequências de se colocar a medicina e a indústria a frente dos direitos individuais. E na família percebemos o impacto da falta da mãe na vida de seus filhos, que a perderam tão jovem.
O filme, assim como o livro, honraram a história dessa mulher que, mesmo sem saber, contribuiu para melhorar a vida de inúmeras pessoas no mundo e que ainda continua viva por meio de suas células imortais. A Vida Imortal de Henrietta Lacks também traz uma discussão importante sobre os limites da ciência e da indústria farmacêutica em relação aos nossos direitos. É uma obra imperdível sobre uma figura tão importante para a ciência e humanidade.