Pure Hell: os pioneiros do punk

O Pure Hell pode ser considerado um dos grupos “pioneiros do punk”, eles surgiram antes dos Ramones e Sex Pistols, mas não tiveram a mesma glória e ficaram esquecidos no tempo por várias décadas, antes que o seu primeiro álbum fosse lançado. A banda é formada somente por músicos negros e começou a tomar forma em 1972 com o nome de Pretty Poison, mas dois anos depois já haviam mudado de nome e já estavam com o pé na porta fazendo um som rápido e sujo, com um visual que misturava o Glam Rock e a maquiagem de David Bowie com jaquetas de couro e uma atitude agressiva.

Banda Pure Hell em show — Banda Pure Hell. Imagem: reprodução.

Spider, Stinker, Chip Wreck e Lenny Still tinham um som e um visual únicos e não demorou muito para prestarem atenção neles. A banda se mudou da Filadélfia para Nova Iorque e lá entrou em contato com bandas como o New York Dolls e os Dead Boys. Segundo o líder da banda Kenny “Stinker” Gordon, a violência do som dos caras era reflexo dos acontecimentos da década de 1960, quando o presidente e líderes como Malcom X e Martin Luther King foram assassinados em público.

Se você ouvir qualquer música do Pure Hell vai reconhecê-la na hora como punk, mas então por quê eles foram esquecidos?

A banda foi formada por Kenny Gordon (vocalista e guitarrista), Preston Morris III (guitarrista), Kerry Boles (baixo) e pelo falecido Michael Sanders (bateria) e foi descoberta pelo empresário Curtis Knight, conhecido por sua conexão com Jimmy Hendrix, que levou os rapazes para o Reino Unido, já que eles não conseguiam fazer sucesso nos EUA.

O Pure Hell fez uma turnê pela Europa e lançou o single “These Boots Are Made For Walking” cover de Nancy Sinatra, que chegou a fazer sucesso. Eles gravaram o seu primeiro álbum em 1978 chamado “Noise Addiction”, mas problemas com Curtis Knight impediram que o disco fosse lançado e ele ficou esquecido por décadas . Depois da turnê a banda se separou do empresário, que ficou com as gravações originais e se recusava a liberar o conteúdo para a banda, que acabou encerrando as atividades em 1980.

“Tudo estava meio que terminado depois da nossa primeira turnê. Os Dead Boys haviam se separado. Sid estava morto. Aquelas coisas colocaram um prego no caixão do punk original, havia muitas pessoas acendendo velas para ambos os términos.”
– Kenny Gordon em entrevista para o site philly.com.

Em 1986 os membros da banda voltaram a trabalhar juntos e na década de 1990 gravaram um outro álbum chamado “Black Box”, produzido por Lemmy Kilmister, mas esse trabalho também não foi lançado. O imbróglio com o seu primeiro álbum só se resolveu após a morte de Curtis Knight em 1999 e, somente em 2005, “Noise Addiction” conseguiu ser lançado.

Assim como o Death a banda não teve o seu devido reconhecimento na hall da fama do punk, até que a internet possibilitou a divulgação desses artistas que foram esquecidos ao longo das décadas. O Pure Hell passou todas essas décadas no limbo, quando mereciam ser celebrados como uma das primeiras bandas punk que influenciaram várias outras na cena da época. Os registros das apresentações são poucos, mas vale a pena ir atrás do trabalho deles, você também vai se viciar no som do Pure Hell. Atualmente a banda ainda está na ativa e, de vez em quando, ainda faz alguns shows por aí.

Veja os membros do Pure Hell falando sobre as suas influências:

“Eles estavam por aí antes do punk começar. Eles tocavam speed metal antes de existir um Metallica ou Slayer. E eles são poucos conhecidos, provavelmente, porque foram um dos primeiros a fazê-lo. Isso acontece muito nesse ramo. ”
– Bobby Startup no site Philly.com